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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Em - tu - brada

à amiga Vera

Meu mundo está aqui
embrulhado em uma bolha plástica
conectado por filetes
que me lampejam o ar de fora

Vejo sombras?
Não sei!
Vejo vocês?
Talvez!
Escuto os que me chamam

Sei dos tubos que me ligam
Eles me fazem permanecer
Ser mais uma entre vós

Se quero ou não?
Não sei!
Talvez respire com o desejo do outro
ou tenha medo do desconhecido
ou ainda, esteja esbarrotada de auto piedade
- até ontem, fazia palhaçadas com as amigas

E, se nada disso
Me vejo daqui
Em meu mundo de plástico
Vocês se mexendo à minha frente
Vindo em minha direção
Acenando e falando comigo como a um bebê
ou a um estrangeiro distante
Em uma tentativa hilária
de comunicação

Enquanto isso o tempo passa
sem que eu conte as horas
sem que eu veja a noite
ou saiba do dia

Os períodos se revezam
entre as quebras de luzes,
os procedimentos de rotina
e o gosto de plástico