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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Luz e sombra

Às vezes sou flores
Com pétalas delicadas jogadas ao vento
Que atapetam o chão
Às vezes não!
Peso a mão com tinta grossa
Sobre o papel
Pesa as dores, os amores, a solidão da existência
Pesa o peso dos dedos sobre as teclas

o sexo é um paradoxo
é celebração de vida
de co-existência e ausência
eu retiro a mim, em gozo
tu te reservas na profundidade dos teus sentidos
dos teus dedos que me penetram
somos pedaços que se encaixam
movimento que pulsa freneticamente
cada um em seu tempo

Às vezes sou pulso elétrico
Que sobrevive ao transmitir e receber energia
Grânulos, fragmentos
Ou fluídos como o nosso sangue
Mas, será que existe líquido sem sólidos?

cada existência é única
é ausência, busca incessante do outro
é solidão

Às vezes peso e arranco com dificuldade
Feito caminhão que precisa andar
E carregado, segue na estrada

Às vezes sou pó que se espalha a um sopro
Às vezes sou chão que se dispõe a ser pisado
Às vezes sou silêncio que se retira ou escuta
Às vezes sou nada
E como nada atravesso os dias, as noites,
os pântanos, as águas, o ar
Sou movimento e paralisia
Que passa sem ser visto

As sombras existem para iluminar o objeto em luz.