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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Aquarela quase rimada


(A Franklim Oliveira)


A vida vai com a tela
Desmancha-se em tintas
Em querela
De parte de meu umbral

Se quero o contorno das folhas
espirro tons luminosos
em gotas de terras vermelhas
com o sopro de ventos ardosos
saídos do meu quintal

O beijo quente vem sempre
transpassa a paleta atrapalhando as cores
faz-se branco, ausente
diluindo o fogo com os seus pudores

Pinto a lua e o mar
sobre a minha terra que dança
Com a brisa que do chão levanta
montando formas areia

O verde revela a linha do horizonte
Reflete-se sob o jugo do sol
Entre os marrons,
Sombra e brilho, que a luz saboreia

Quero o perfume seco
das plantas rasteiras
Elas queimam ao sol,
estalam ao contato,
e sem dó quebram-se inteiras

Qual a cor do cheiro?
Vejo-o entre o laranja quente
e o cinza frio
Cor de folhas quando correm
Largadas de suas galhas
Ou presas ao meio fio

A maresia tem cor de mar
O sabor tem cor de alho com feijão
De manga com farinha
Queijo, manjericão, tomate
Rapadura, café amargo e chocolate
ou lentilha com limão

tudo se parte
na arte
no que enquadro
nem sempre
mas as tintas querem fluir
são livres
desejam sair
sumir
fazer um festa
de macarrão.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Nada sei

Não sei se te levo comigo
Se te dou carinho
Se te dou comida
Se te dou abrigo

Não se se te faço ir
Se te quero chegar
Se te encontro ainda
Neste mesmo lugar

Não sei porque o mar é azul
Porque tenho fome
Porque sofro de amar
Não sei se a vida é assim
Ou você não resolve
Como deve chegar

Não sei o que não vejo
Não sei o que não cheiro
Não sei o que está morto
Nem vivo no porto
De nada não sei


Fátima (esta já veio como samba)